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O Cristão, e os Jogos de Azar


O Cristão, e os Jogos.

Pr. Bernini
Colaboração Caramuru Afonso Francisco

O cristão é pessoa que é dotada de liberdade, porque alcançou a salvação e a liberdade do cristão é incompatível com qualquer vício, vez que o vício escraviza o homem. Por isso, o cristão sincero e verdadeiro não se deixa dominar por qualquer vício.

– Na história da humanidade, o homem sem Deus, imerso no pecado, é cegado pelo deus deste século (II Co.4:4) e, assim, não vê a realidade da vida. Em consequência disto, deixa-se dominar por coisas banais e por ilusões. Surgem daí os vícios que têm perpassado a história humana, sendo um eficaz instrumento para a destruição de preciosas vidas. Por isso, vemos que o vício é uma arma satânica, pois dele é o trabalho para roubar, matar e destruir as pessoas (Jo.10:10). Não nos deixemos, pois, enganar com eles!

– Vício, dizem os dicionaristas, é “1 Defeito físico ou moral; deformidade, imperfeição. 2 Defeito que torna uma coisa ou um ato impróprios, inoperantes ou inaptos para o fim a que se destinam, ou para o efeito que devem produzir. 3 Falta, defeito, erro, imperfeição grave, viciação, viciamento. 4 Disposição ou tendência habitual para o mal. 5 Hábito de proceder mal; ação indecorosa que se pratica por hábito. 6 Costumeira. 7 Costume condenável ou censurável. 8 Degenerescência moral ou psíquica do indivíduo que, habitualmente, procede contra os bons costumes, tornando-se elemento pernicioso ao meio social, ou com este incompatível” (DICMAX Michaelis).

Ora, bem se vê, por estes oito significados, que um crente não pode ter vícios, pois é filho de Deus, que anda segundo o Espírito (Rm.8:1), que caminha para a perfeição (Ef.4:12,13), que não pratica o mal, mas o bem (II Co.13:7), que não se deixa dominar por coisa alguma (I Co.6:12), que está liberto por Jesus Cristo (Jo.8:31-36).

O CRISTÃO E OS JOGOS DE AZAR

– O jogo é uma atividade que existe desde a Antiguidade, como demonstram achados arqueológicos. Sendo uma aposta ou uma busca no acaso de algum resultado ou conclusão, o jogo, não poucas vezes, esteve relacionada naquela época a práticas religiosas de adivinhação ou de busca de vontade dos deuses.

– Muitos são os conceitos de jogo, mas “… parece melhor afirmar que um jogo é qualquer atividade onde o elemento do acaso ou sorte é o elemento primordial. Especialmente, se estiver envolvido algum dinheiro, então estará havendo jogo, sem importar se aquela atividade seja ou não chamada, oficialmente, de jogo…De acordo com a definição mais comum, entretanto, um jogo é um risco que envolve dinheiro, que se pode ganhar ou perder mediante uma aposta…”.

– Assim sendo, o jogo sempre envolve ganho em dinheiro mediante uma aposta, ou seja, arrisca-se certa quantia na sorte, no acaso, para que se possa obter mais do que se arriscou. Logo se percebe que o intento do jogo é amealhar dinheiro, obter ganho sem que se tenha esforço algum, apenas por força da sorte, do acaso. Não é este, entretanto, o padrão divino estabelecido para o homem. Após a queda, Deus determinou ao homem que, do suor do seu rosto, haveria ele de obter a sua sobrevivência (Gn.3:19). O jogo é, portanto, uma tentativa humana de escapar ao juízo divino, mais uma ilusão trazida pelo adversário para que o homem ache poder ser auto-suficiente e se libertar de uma ordenação divina.

– Não é por outro motivo, pois, que ao jogo sempre se associa o que é reprovável e abjeto na sociedade. As grandes cidades de cassinos e de toda sorte de jogos (Las Vegas e Atlantic City, v.g., nos Estados Unidos) são também verdadeiros antros de prostituição e de comércio de substâncias entorpecentes. O jogo é um chamariz para toda atividade maléfica e danosa à moral e aos bons costumes, pois ele próprio o é. No Brasil, é o jogo do bicho o grande financiador do narcotráfico e do crime organizado, que hoje está sem controle, formando um poder paralelo nas grandes metrópoles, em especial São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

– O jogo somente existe devido à ganância do homem, devido à avareza, que a Bíblia diz ser idolatria (Cl.3:5). Como ensina R.N. Champlin, “um forte argumento cristão contra o jogo é que exibe falta de fé no suprimento dado pelo Senhor. No entanto, os aficcionados do jogo retrucam que Deus é capaz de suprir algum dinheiro através do jogo. Mas, não devemos nos esquecer que o Novo Testamento exalta o trabalho árduo e a boa mordomia, o que elimina totalmente a prática do jogo, em qualquer de suas formas. Ver II Ts.3:10-12; Ef. 4:28; I Co.10:23; Gl.5:13,14; Mt.22:37; I Ts.5:22 e Rm.12:9.”

– Quem joga está dizendo que não confia em Deus e nas Suas promessas de que dará sempre o necessário aos Seus servos. Quem joga, portanto, não pode orar como o Senhor nos ensinou, pedindo o pão nosso de cada dia, pois não confia que Deus possa dar-lhe e recorre ao jogo para obtê-lo. Quem jogo está dizendo que prefere o dinheiro a qualquer outra coisa na vida, pois está usando dinheiro para ganhar mais dinheiro e, assim, corre o risco de trazer para si grandes tribulações e problemas (I Tm.6:9,10). Quem joga arrisca dinheiro esperando ganhar mais dinheiro, mas, com certeza, por dinheiro, perde a sua dignidade e o seu caráter.

– O jogo é um ótimo negócio, para quem banca o jogo. Exemplo disso são os cassinos americanos e os bingos brasileiros, que enriquecem apenas seus donos; o jogo do bicho no Brasil, que enriquece apenas os banqueiros do bicho; as loterias, que só enchem as burras do governo. Enquanto isso, milhares e milhares de jogadores são lançados à penúria e à ruína.

– O Brasil é um país em que o jogo é veiculado principalmente pelo Governo que, embora proíba o jogo do bicho (que fomenta, entre outras coisas, a corrupção policial e o narcotráfico), criou inúmeras loterias e as administra. Na Constituição da República, ficou estabelecido, inclusive, que a previdência social viverá, dentre outros recursos, dos provenientes das loterias (art.195, II). Aliás, apesar (ou por causa disso), o déficit da Previdência Social seja cada vez mais crescente…

– A obtenção do dinheiro pelo jogo é tão agradável aos olhos do mundo que, não raro, se criam jogos, sorteios, rifas e concursos para se angariar recursos para obras beneméritas e filantrópicas. Com efeito, se não houver a promessa de vantagem, as pessoas não se dispõem a ajudar uma obra de caridade pública. Entretanto, nem mesmo assim, o crente deve praticar esta atividade. Se quiser ajudar uma obra pia, que o faça sem querer nada em troca, pois o amor do cristão é desinteressado.

Deste modo, não podemos concordar com práticas que, lamentavelmente, têm aumentado no meio evangélico, de se criarem sorteios, concursos, verdadeiros jogos com o objetivo de angariar recursos para a obra do Senhor. Se os crentes não se dispõem a ajudar a obra de Deus voluntariamente, para que angariar recursos por estes meios? A Bíblia ensina que Deus ama ao que dá com alegria, ao que dá de coração, não ao que ajuda buscando, com isto, levar vantagem, obter ganho ou lucro. Se não haverá bênção nesta espécie de contribuição, para que nos conformarmos com o mundo, praticando seus atos, que resultado espiritual benéfico algum trará para a igreja? (Rm.12:1,2).

OBS: “…Governos, escolas e até mesmo igrejas têm apelado para o jogo a fim de pagarem suas despesas, construírem instalações, promoverem caridades, dirigirem sistemas escolares etc. O sucesso desses empreendimentos depende do fator humano em que as pessoas dispõem-se a gastar dinheiro em seu auto interesse, embora não fossem comovidas, de qualquer outro modo, a contribuírem financeiramente para alguma boa causa…”.


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